Macau, China, 03 out (Lusa) - O embaixador português no Japão afirmou hoje que Portugal quer promover uma imagem de modernidade nas comemorações dos 470 anos da chegada dos portugueses ao arquipélago, que começam em novembro com uma exposição conjunta de escultura e cinema.
"Vamos começar as comemorações com uma exposição conjunta do escultor Rui Chafes e do cineasta Pedro Costa no museu Hara, em Tóquio, que abrirá no último dia de novembro e ficará aberta até março", unindo a escultura à projeção de filmes, disse à agência Lusa José de Freitas Ferraz.
Através desta exposição e de outros eventos programados para os territórios japonês e português ao longo de 2013 pela embaixada de Portugal em conjunto com as autoridades japonesas e com as 12 sociedades luso-nipónicas, Portugal "quer passar uma ideia de modernidade através da arte, pois a cultura é dos meios mais importantes para promover uma ideia sobre um país", disse.
José de Freitas Ferraz salientou que se pretende também "chamar à atenção para o Japão em Portugal (...), tentar que mais empresas portuguesas comecem a exportar para o mercado japonês e aumentar o número de turistas japoneses que visitam Portugal".
Só no ano passado, constatou, mais de 17 milhões de japoneses saíram para o estrangeiro, sendo "dos turistas que mais tempo ficam e dos que mais gastam e que procuram história, gastronomia, golfe, que, no fundo, é a oferta portuguesa".
Ao observar que muitos japoneses visitam Espanha, José de Freitas Ferraz considerou que Portugal "tem capacidade para conseguir captar mais desses turistas, até porque à partida existe um conhecimento grande dos japoneses sobre Portugal, porventura superior ao que nós, portugueses, temos, em média, sobre o Japão".
"Para os japoneses, a ligação a Portugal é muito importante", constatou o embaixador português ao recordar que um antigo governante nipónico salientou, numa conversa que mantiveram recentemente, que um jovem no Japão "que não conheça a data 1543 chumba no exame nos primeiros anos do liceu".
A chegada dos portugueses ao Japão "é para os japoneses uma data muito importante, pois representa o primeiro contacto que tiveram com a Europa, com uma civilização fora da Ásia e que lhes trouxe uma série de dados novos em domínios como a ciência, arte, técnica e medicina", disse.
Prova desta situação são as recentes comemorações dos 450 anos da abertura do porto de Kuchinotsu pelos navegadores portugueses promovidas pela Câmara Municipal de Minamishimabara, na província de Nagasaki.
Junto ao porto da cidade foi promovida uma festa, no fim de semana de 22 e 23 de setembro, que contou com atuações de fadistas japoneses, venda de produtos portugueses, mostras de espingardas que os portugueses introduziram no Japão e que foram as primeiras armas de fogo a chegar ao arquipélago. Foi ainda inaugurado um painel alusivo à chegada dos navios portugueses.
"Entre os portugueses, que chegaram a Kuchinotsu nos primeiros navios, estava Luís Almeida, um padre jesuíta que era médico e que levou para o Japão a medicina ocidental", realçou o embaixador português.
Os correios do Japão aproveitaram a ocasião para emitir selos comemorativos e antes, durante este verão, o autarca de Minamishimabara levou a Portugal alguns jovens. A primeira embaixada enviada pelo Japão à Europa fez escala em Portugal e contava com jovens de Minamishimabara enviados pelos senhores feudais nipónico.
No seguimento desta viagem, José de Freitas Ferraz adiantou à Lusa que "Minamishimabara quer criar com Évora uma relação institucional, a nível de contactos mais estreitos entre ambas as Câmaras".
"Em Kyushu [terceira maior ilha do Japão, no sul do arquipélago, onde se encontra a província de Nagasaki], o interesse por Portugal é muito grande e continua vivo", garantiu o embaixador.
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